domingo, 28 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
O Besouro do Coqueiro
O coqueiro é uma planta perene, uma palmeira de estipe liso que pode atingir até 25 m de altura e 30 a 50 cm de diâmetro. As folhas são largas e compridas. Planta de clima tropical, o coqueiro se concentra em nosso país na zona do litoral nordestino, mas pode ser cultivado em outras regiões distantes do mar. A planta não tolera ventos fortes e frios e necessita de boa insolação. Quanto ao solo, este deve ser leve, profundo, permeável e arejado. O pH ideal situa-se na faixa de 6,0 a 6,5.
O besouro do coqueiro
Uma das pragas mais frequentes para o coqueiro é o besouro Rhynchophorus palmarum, um inseto de hábitos diurnos, conhecido popularmente como Broca do Olho do Coqueiro ou Bicudo, devido ao “bico” que apresenta. Essa praga está presente, além do Brasil, na Venezuela, México e áreas do Caribe.
Um besouro de cor preta, medindo de 4 a 6 cm de comprimento e 1,5 a 1,8 cm de largura.
Como se dá a infestação do coqueiro pelo besouro?
O primeiro prejuízo causado por esta praga dá-se logo na colocação de ovos (na época reprodutiva), o que ocorre na parte mais tenra da planta (broto).
Após o nascimento das larvas, estas se alimentam da parte interna do tronco, fazendo galerias em todas as direções. O meristema apical da planta fica comprometido, deixando o coqueiro de produzir os hormônios auxina e giberilina, os quais são fundamentais para o crescimento do coqueiro. O outro sério prejuízo provocado pelo besouro é a transmissão do nematóide causador do anel-vermelho.
O que são nematóides?
Nematóides são animais do sub-reino metazoa e filo nemata. Possuem simetria bilateral e são pseudocelomados, isto é, a cavidade geral do organismo onde se alojam todos os órgãos não é revestida por um tecido especializado. A palavra nematóide vem do grego e significa "em forma de fio". Nematóide é o nome utilizado para os helmintos parasitas de plantas e animais.
O que causa o anel-vermelho?
O besouro é o vetor do nematóide denominado Bursaphelencus cocophilus, um verme causador da doença letal conhecida como anel-vermelho. Esta doença é detectada por sintomas externos, como o amarelamento das folhas basais (da base do coqueiro). A planta morre quando um tufo central de folhas verdes seca e se quebra. Num corte transversal na base do caule da planta, observa-se a presença de um anel vermelho.
A forma natural de transmissão ocorre pelas raízes, mas a principal forma de disseminação da doença é através do besouro vetor. Se não for controlada a tempo, o anel-vermelho pode devastar uma plantação inteira.
O nematóide ataca o floema, impedindo que a seiva elaborada chegue até às raízes (o anel vermelho interno é justamente o comprometimento desse vaso condutor que foi atacado pelo verme). Com isso, as folhas basais começam a amarelar, até que por fim, toda a planta seca. É como se a planta morresse sufocada.
Quando a planta está ferida, ocorre a fermentação dos tecidos vegetais, e durante esse processo, um cheiro característico é liberado atraindo os besouros. O inseto adulto (macho) libera um feromônio de agregação, que chama outros para o local onde há alimento. Nisso, ocorre também a sua reprodução. Suas larvas se instalam no meristema apical e dele se alimentam, o que permite a instalação de bactérias e outros organismos que podem prejudicar o desenvolvimento da planta.
No meristema apical encontram-se as células meristemáticas, que se multiplicam ativamente por mitose (responsável pelo crescimento da planta). Nesse tecido são sintetizados dois importantes hormônios para seu desenvolvimento: a auxina (que é responsável pela elongação do caule e da raiz e o crescimento dos frutos) e a giberelina (que estimula a floração, amadurecimento dos frutos, e a formação de brotos). Ou seja, além de trazer consigo o nematóide, o besouro ao se alimentar do tecido meristemático, está prejudicando seu desenvolvimento – 30 larvas são mais do que suficiente para matar uma planta.
Feromônios, o diálogo entre os insetos
Os feromônios são substâncias produzidas pelos insetos, responsáveis pela comunicação química entre os mesmos. Exemplos de seu uso pelos insetos podem ser observados na época do acasalamento. Para atrair seus parceiros, os insetos eliminam um feromônio de acasalamento para que ocorra a cópula entre os mesmos. Outro tipo de feromônio é liberado pela abelha quando esta pica uma pessoa. Através desta substância, o grupo sabe que aquela pessoa é considerada um invasor e partem atrás para picá-la também. Outro tipo de feromônio é liberado pelas formigas, o que faz com que estas sempre andem em grupo e saibam como voltar para sua “casa”.
No caso dos besouros, uma estratégia interessante e eficaz pode ser utilizada para capturá-los: utilizar um feromônio sintético para atraí-los e, posteriormente, exterminá-los.
Qual a solução?
Atualmente, a única solução aplicada é a queima dos coqueiros infectados, a fim de impedir o alastramento da doença. Esse processo, além de liberar mais gases poluentes para a atmosfera, não elimina a doença; somente impede que ela se alastre. Qual seria então a forma de se acabar de vez com essa doença?
É impossível acabar com a doença tentando eliminar o nematóide, pois uma vez instalado na planta, a morte se dá em pouco tempo. Então, o método mais eficaz é eliminar o vetor da doença, isto é, o besouro.
Existem diversas formas para se acabar com o besouro e algumas estão citadas a seguir:
Uso de um predador natural . Não é uma boa idéia, pois, como predadores do besouro, temos a cobra e o sapo. Por razões óbvias não devemos jogar uma população de cobras em nenhuma plantação. Já o sapo, não se adaptaria ao clima da região. Apesar do litoral nordestino ser úmido, o local não favorece sua reprodução, pois eles só se reproduzem em água doce (ao colocarem seus ovos em água salgada, estes seriam hipotônicos em relação ao meio, o que acarretaria uma desidratação dos ovos e posterior morte dos mesmos).
Uso de inseticidas . Também não é um bom método, pois além de contaminar o solo, a vegetação e a água, temos o problema da seleção natural: inicialmente o inseticida funciona, (matando os besouros mais fracos ao princípio ativo), porém, os mais fortes se reproduzem. Logo, as gerações seguintes serão resistentes ao veneno, o que obriga o produtor a comprar um outro tipo de agrotóxico, mais forte, tornando assim um ciclo vicioso que não resolverá em nada.
A captura de besouros em armadilhas e depois matá-los . É bastante interessante.
Armadilhas com substâncias atrativas
O controle pelo comportamento é feito com o uso de uma armadilha confeccionada com um balde de plástico com tampa reta ou levemente côncava. Na tampa do balde devem ser abertos 3 furos de aproximadamente 6 cm de diâmetro equidistantes entre si. Em cada furo cola-se um funil com a extremidade mais larga voltada para fora. No interior do balde devem ser colocados alguns pedaços de cana-de-açucar amassados, visando maior rapidez no processo de fermentação da cana, cuja ação é semelhante àquela onde os insetos são atraídos pelo cheiro de coqueiros feridos.
Ainda sob a tampa do balde (dentro do balde) deve ser pendurado o feromônio de agregação Bio Rhynchophorus*, e o balde deve ser fechado. Esta substância sintetizada é atrativa para o inseto e é comercializada no mercado. De 15 em 15 dias os toletes de cana devem ser trocados, enquanto o feromônio permanece por até 45 dias.
Os insetos coletados devem ser retirados do balde e mortos manualmente.
Referências Bibliográfica:
Fernanda Benetti e Josias F. Pagotto Instituto de Química de São Carlos - USP
* Biocontrole – Métodos de Controle de Pragas LTDA.
WWW.biocontrole.com.br
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